domingo, 5 de abril de 2009

Yoko

Hoje eu sai pra caminhar, eu não conseguia parar de andar, mas não sabia para onde ir, sabia que não tinha onde ir, mas ainda assim não conseguia ficar parado.
Meu corpo todo tremia, a decepção era comparável, talvez, àquela de quando sua vó te presenteava com cuecas no natal. A cada passo a decepção aumentava, a cada passo a verdade parecia mais cruel, e mais verdade, mais intensa, mais interna, se fechando em um pequeno ponto no abdômen, como se um big bang fosse acontecer em mim, e a duras custas eu impedia.

Minhas pernas trêmulas, meu caminhar perdido, minha ânsia por achar algum lugar vazio eram reflexões da minha decepção, hoje foi o dia que me descobri visível, mortal, normal, comum. Eu não conseguia simplesmente sumir, por mais que eu quisesse, por mais que a cada passo eu tentava, eu não conseguia desaparecer, ser invisível, e a minha incapacidade de fazer as coisas ao meu gosto me decepcionava cada vez mais.

Eu me decepciono cada vez que eu vou dormir e percebo que poderia ter feito algo que não fiz, cada vez que projeto algo e esqueço isso, ou não dou a devia importância, ou simplesmente tenho preguiça de concluir, ou tentar.

Mas eu tenho uma qualidade, eu sou paciente, apesar da minha incapacidade para tudo eu consigo me perdoar, e até projetar novos vôos, novas idéias, novas possibilidades, algumas impossibilidades para que eu me decepcione um pouco mais, e volte a projeta-las depois.

Um comentário:

Jenifer disse...

Fiquei sabendo de uma história,uma intenção.Que faz a gente esquecer que estamos sós nessa prisão. Deixa de lado toda a culpa, a má recordação, e nos transforma nos heróis da nossa imaginação. Yoko!!